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É possível fazer terapia com uma Inteligência Artificial? Racismo Algorítmico e conexão humana.

Atualizado: 18 de out.

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Com o crescimento e acesso ampliado às IAs, esse tema ganhou força. Uma pesquisa publicada na Harvard Business Review confirmou que o aconselhamento terapêutico é o principal objetivo das pessoas ao usar IA, seguido por busca de companhia e organização da vida pessoal.


Na clínica, observo pacientes jovens usando IAs para interpretar sonhos ou apoiar transições de carreira. A pandemia normalizou a terapia online, criando um caminho para a aceitação de ferramentas digitais. Psiquiatras já utilizam IAs como apoio ao tratamento medicamentoso, como no acompanhamento de sintomas via chatbots.


Contudo, emergem riscos raciais documentados: sistemas de IA treinados em dados majoritariamente de populações brancas falham ao analisar sintomas em grupos racializados. Um estudo publicado no Lancet Digital Health demonstrou que algoritmos de triagem de saúde mental subestimam consistentemente a gravidade de condições em pacientes negros, devido a padrões linguísticos e expressões culturais não representadas nos dados de treinamento.


Chatbots terapêuticos como Woebot, testados por pesquisadores da University of Cambridge, frequentemente minimizam experiências de racismo ou sugerem respostas genéricas inadequadas para traumas raciais. Em casos extremos, IAs replicam estereótipos perigosos: o chatbot Tessa, desenvolvido para apoiar pessoas com transtornos alimentares, foi desativado após recomendar restrição calórica excessiva para usuárias negras e latinas, refl etindo vieses históricos da medicina sobre peso corporal nesses grupos, conforme relatado pela National Eating Disorders Association.


Qual a função emocional de ler palavras empáticas em uma tela?

Oferecer respostas racionais, porém desprovidas de tom, olhar ou conexão humana – e potencialmente discriminatórias?


Como terapeuta reichiano, afirmo que a terapia com IA é inviável. Sistemas algorítmicos não alcançam profundidade emocional, não estabelecem campos relacionais ou energéticos, e sua natureza estruturalmente enviesada pode amplifi car desigualdades raciais. O princípio reichiano do restabelecimento da pulsação vital exige presença viva – algo intransponível para máquinas que, como evidenciado clinicamente e em pesquisas, reproduzem opressões sistêmicas.

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